Fundador da rede social, Mark Zuckerberg, citou aumento do antissemitismo no mundo como principal motivo para mudança de postura da empresa, que anteriormente se negava a apagar postagens negacionistas.
O Facebook anunciou nesta segunda-feira (12/10) que passará a remover qualquer conteúdo que expresse negação ou distorção do Holocausto. A rede social afirma que a decisão, que representa um endurecimento de suas regras de moderação, se deu em razão de preocupações com o aumento do antissemitismo.
“Há muito retiramos mensagens que defendam crimes motivados pelo ódio e assassinatos em massa, incluindo o Holocausto. Mas, com o aumento do antissemitismo, decidimos expandir a nossa regra para proibir também qualquer conteúdo que negue ou distorça o Holocausto”, disse Mark Zuckerberg, diretor da empresa que administra o Facebook, em seu perfil na rede social.
Os usuários que pesquisarem sobre o massacre de judeus durante a Segunda Guerra Mundial serão redirecionados “para fontes confiáveis de informação”, explicou Zuckerberg.
Nos Estados Unidos, o revisionismo histórico e o negacionismo não são proibidos. A jurisprudência costuma enquadrá-los sob a proteção da Primeira Emenda da Constituição americana, que assegura a liberdade de expressão.
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“Lutei com esse dilema, entre o apoio à liberdade de expressão e os danos causados pelo menosprezo ou negação do horror do Holocausto”, disse o fundador do Facebook. Ele afirma tomou a decisão após analisar estudos que revelam um aumento global da violência antissemita.
Um comunicado do Facebook divulgado nesta segunda-feira menciona um estudo que afirma que quase um quarto dos americanos entre os 18 e os 39 anos acredita que o Holocausto é um mito, um exagero ou não tem opinião formada sobre o assunto.
“Traçar as linhas corretas entre o que é e o que não é um discurso aceitável não é algo inequívoco, mas, no estado em que o mundo se encontra, acredito ser este o equilíbrio adequado”, disse Zuckerberg. A rede social assegura que eliminou recentemente estereótipos antissemitas sobre o poder judaico, que muitas vezes aparecem nas teorias da conspiração.
Em 2018, Zuckerberg, que também é judeu, disse que não tinha a intenção de remover as mensagens negacionistas que circulavam em sua rede social. Em julho deste ano, um porta-voz da empresa afirmou que a rede social não removeria conteúdos “apenas porque são falsos”.
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A postura da rede social levou entidades de sobreviventes do genocídio a pedir a Zuckerberg a remoção dos conteúdos negacionistas. A organização antissemitismo americana Anti Defamation League citou vários exemplos de grupos privados no Facebook, nos quais os usuários questionavam abertamente o Holocausto.
“Colocar em prática essas medidas não é algo que acontecerá da noite para o dia”, alertou a empresa em seu comunicado. “Há uma variedade de conteúdos que violam essas políticas, e levará tempo para treinarmos nossos analistas e sistemas.”
A rede social afirma que já removeu 22,5 milhões de postagens com discurso de ódio no segundo trimestre do ano e baniu mais de 250 organizações de supremacistas brancos.
Na semana passada, a empresa informou que iria remover qualquer grupo ou página que se identifique abertamente como QAnon, a teoria da conspiração que divulga mensagens associadas à extrema direita. A medida também se aplica ao Instagram.
O Facebook também anunciou restrições para coibir a disseminação de desinformações intencionais sobre o coronavírus e proibir postagens que têm como objetivo manipular eleitores, a poucos dias das eleições presidenciais nos EUA.
Fonte: RC/lusa/dpa DW.com