O mundo vivencia uma das maiores pandemias e ainda está aprendendo como lidar. Porém, um vírus antigo e também mortal volta a atacar a humanidade, que precisa ser imunizada rapidamente.
Em tempos de pandemia, temos ouvido muito sobre Pfizer/BioNtech, Moderna, Sinovac, AstraZeneca, Sputnik, entre diversas outras vacinas que estão sendo testadas, debatidas para combater o que talvez seja o caos e medo do século atual. Aliado a tudo isto, também temos observados diversos grupos contra e a favor da vacinação, cada um com seus argumentos, sejam eles válidos ou não, mas a maioria das pessoas tem discutido sobre. Desde do primeiro caso na história de uso de vacina, até agora, temos visto discussões a respeito sobre a sua eficácia e sobre os possíveis efeitos que isto possa gerar no ser humano. Não pretendo entrar em detalhes técnicos, biológicos sobre o assunto, mas toda vez que estudamos alguma vacinação, será possível encontrar uma “revolta da vacina” relacionada a ela.
Quando começamos a tratar de algo mais próximo de nós, sionistas e judeus, nos deparamos com outro vírus, um que até hoje não foi encontrado nenhuma vacina, nenhum remédio e nem mesmo a cura, que é o vírus do antissemitismo. Apesar de que, originalmente este termo se refira a uma aversão, repulsa ou ódio sobre semita, ou seja, a um grupo descendente do personagem bíblico Sem, filho mais velho de Noach, que compreende um vasto grupo étinico: judeus, etíopes, árabes e assírios. Contudo, a expressão “antissemita”, segundo o historiador Bernard Lewis, passou a estar relacionado a judeus, somente a partir do final do século XIX, na Alemanha, quando foi usada pelo jornalista Wilhelm Scherer (1880), em seu jornal para se referir de forma mais acadêmica, científica sobre a aversão a judeus, usou o termo alemão “Antisemiten”.
Casos de antissemitismos, são anteriores ao uso do termo de forma mais oficial e usual. Segundo a historiadora Phyllis Goldstein (2011), em seu livro “A Convenient Hatredː The History of Antisemitism” (“Um Ódio Conveniente: A História do Antissemitismo” em tradução livre), o primeiro caso de antissemitismo registrado na história, reconhecido amplamente por estudiosos do assunto, foi o caso de Manetão, sacerdote egípcio, em Alexandria, local da maior comunidade de judeus depois da destruição do primeiro templo, por volta do século III A.E.C.
Depois disto, houve diversos casos, principalmente durante o período conhecido como “Idade Média”, onde judeus eram constantemente acusados de traição, de realizar sacrifícios humanos, inclusive na festividade de Pessach, era comum a história de que judeus usavam o sangue de crianças como vinho para a sua celebração. Aliado a isto, havia perseguições, expulsões, conversão forçada, entre diversas outras atitudes. A principal acusação, por parte da Igreja Apostólica Católica Romana, era o deicídio, uma vez que se acreditava que no primeiro século da nossa era, saduceus e fariseus, tinham acusado e mandado matar Jesus, o principal nome do Cristianismo.
Porém, não apenas católicos perseguiam os judeus. Em 1543, o pai da Reforma Protestante, Martinho Lutero publicou um livro intitulado “Von den Juden und ihren Lügen” (“Sobre os Judeus e as suas Mentiras” em tradução livre), que defende de forma clara que judeus que não quiserem se converter ao judaísmo, deve ser perseguidos, terem os seus dinheiros confiscados e os seus bens religiosos destruídos.
“Queime suas sinagogas. Negue a eles o que disse anteriormente. Force-os a trabalhar e trate-os com toda sorte de severidade […] são inúteis, devemos tratá-los como cachorros loucos, para não sermos parceiros em suas blasfêmias e vícios, e para que não recebamos a ira de Deus sobre nós. Eu estou fazendo a minha parte.”
(LUTERO, 1543, p. 290)
Em 1894, na França acontece o Caso Dreyfus, quando o capitão do exército francês Alfred Dreyfus é acusado falsamente pelo governo francês de traição por entregar documentos secretos ao governo alemão, sendo condenado à prisão perpétua. Este caso, foi acompanhado e relatado por Theodor Herzl, que a partir deste caso, escreveu o livro que dar origem ao sionismo político, “Der Judenstaat” (“O Estado Judeu” em tradução livre). Ele afirma no início deste livro que este caso na França o tornou sionista, uma vez que, no julgamento deste caso, a multidão gritava “Morte aos Judeus!”.
Apesar de Josef Stalin ter apoiado a criação do Estado de Israel em 1948, logo após a Revolução Russa, em sua disputa com Leon Trotski, de origem judaica, ele se utiliza de diversos argumentos antissemitas, criando muitas vezes uma separação entre judeus e russos. O governo Czarista, anterior a URSS, era escancaradamente antissemita e o regime soviético, apesar de ser extremamente opositor aos czaristas, se utilizou de práticas destes para realizar perseguições a todos os grupos religiosos, incluindo judeus.
Do outro lado do Pacífico, o maior opositor do comunismo, os EUA, também no início do século XX, houve grande perseguição a judeus, motivado pela volumosa imigração no território americano. Segundo dados, entre os anos de 1900 e 1924, entraram em torno de 1,75 milhões de judeus nos Estados Unidos, gerando discriminação e perseguição a judeus em diversos Estados. Um grande nome, do capitalismo americano, Henry Ford, simpatizante do nazismo, publicou diversos artigos em seu jornal “The Dearborn Independent” com conspirações de que os judeus queriam dominar o mercado financeiro, acabando com a economia dos países. Inclusive, Hitler em seu livro, faz uma menção em forma de elogio a Ford em seu livro “Mein Kampf”, inclusive o condecorando com o título “Ordem de Mérito da Águia Alemã” em 1938 na Alemanha.
Falando nele, jamais irá sair da memória dos judeus um dos maiores casos de perseguição antissemita da história dos Judeus, que foi a Segunda Guerra Mundial e o holocausto promovido por Hitler, com a utilização de campos de concentração, campos de extermínio, perseguições, assassinatos das mais cruéis formas, uso de forma cientifica e médica de forma cruel com judeus, entre muitas outras coisas, que jamais irá sair da memória dos judeus.
Eventos como estes, motivaram a criação do Estado de Israel, que não diminui os casos de antissemitismo, pelo contrário, aumentou e muito, promovido pela Liga Árabe, que depois da fundação de Israel, perseguiu, expulsou e assassinou centenas de judeus em seus territórios, mesmos aqueles que não eram sionistas. Casos de antissemitismo tem surgido diariamente na Europa e os Estados Unidos, inclusive com um movimento que tem ganhado destaque a cada dia, o BTS, que segundo seu site, tem o papel de promover Boicote, Desinvestimento e Sanções contra tudo que esteja relacionado a Israel, inclusive contra os israelense e judeus.
Diante disso, paramos e pensamos, já se passaram em torno de vinte e quatro séculos desde do primeiro casos registrado pela história de antissemitismo, um vírus que se espalha, se propaga de forma rápida, que não conseguimos controlar com uso de máscaras ou álcool em gel, que não tem nenhuma vacina, comprimido ou remédio que podemos comprar na farmácia, ou pedir para fabricar em laboratório. Então gera aquele questionamento, que atormenta judeus e sionistas, o que podemos fazer para combater e quem sabe, um dia, acabar com este vírus? Jornais, revistas, jornalistas, pessoas comuns, artistas, empresas, ONGs, têm denunciado todos os dias casos. Na mesma proporção, tem surgido grupos neonazistas, no Brasil e no mundo; partidos de extrema-esquerda, de esquerda, de direita e de extrema-direita, no campo político com campanhas de boicote a Israel, muitas vezes com falas antissemitas, acusando de forma falsa; movimentos religiosos que pregam o fim dos judeus ou uma conversão destes para sua religião, apenas para cumprimento de uma profecia; movimentos sociais e culturais, que demonizam Israel e judeus, criando uma figura de um monstro a ser combatido;
Este artigo, não busca defender de forma cega judeus, sionistas ou israelenses como pessoas santas e imaculadas, sem defeitos ou que não cometam erros. Temos diversos judeus que cometeram seus erros e alguns que geraram até grandes problemas como um todo; Israel já errou diversas vezes em suas políticas. Mas o objetivo deste artigo, é instigar o pensamento de que, precisamos combater incansavelmente o antissemitismo, todos os dias, todos os momentos. O combate ao vírus do preconceito, deve ser combatido. A luta contra o racismo, a homofobia, a xenofobia, o antissemitismo, a intolerância religiosa e todas as outras formas de preconceito deve andar de mãos dadas para uma sociedade cada vez mais justa.
A vacina contra as doenças como SARS, varíola e agora o Coronavírus, têm aparecido, e daí eu volto ao título do meu artigo, quando irá surgir a vacina contra o antissemitismo?
George William Mélo
Coordenador Legião Sionista RJ
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