As autoridades estão gerenciando o coronavírus como uma doença e não como uma crise nacional, desperdiçando um tempo precioso ao fazê-lo e provando mais uma vez que, quando você erra as perguntas, as respostas são irrelevantes
O público, a mídia e os especialistas estão constantemente dissecando e analisando a crise do coronavírus.
É claro que escândalos e erros vêm à tona, mas apontar esses problemas não é tão importante quanto abordar as causas da situação.
Há três causas fundamentais, e nenhuma delas tem a ver com medicina, mas com questões filosóficas e políticas fundamentais.
O primeiro erro é a narrativa: há dois anos, o governo percebeu que havia um novo vírus na China que estava matando pessoas. O vírus estava se espalhando rapidamente e, portanto, também chegaria a Israel.
Como o vírus é uma doença e os médicos tratam doenças, eles foram encarregados de gerenciar a crise desde o início. Aqui reside o primeiro erro.
O COVID-19 não é apenas mais uma doença, gerou uma crise nacional, e todos podemos concordar que gerenciar uma doença não é o mesmo que gerenciar uma crise nacional.
Como resultado, o Estado não alocou recursos de forma rápida e eficiente o suficiente durante os primeiros meses da pandemia. Quando você erra a pergunta, a resposta é irrelevante.
A segunda causa é o sistema, ou melhor, a falta dele. Desde a criação do Estado, os líderes israelenses perceberam que provavelmente enfrentaríamos crises nacionais semelhantes à guerra.
Para fazer isso, ele construiu um sistema bem organizado, liderado pelo chefe das Forças de Defesa de Israel (IDF). E embora esteja subordinado ao escalão político, mantém muita liberdade de ação, e os militares gozam da flexibilidade necessária para lidar com crises nacionais.
Como a pandemia também é uma crise nacional, surge a pergunta: quem manda no COVID-19?
A resposta é simples: ninguém. Israel não possui um centro de controle 24 horas por dia, 7 dias por semana, que funciona sob o governo e está autorizado a transmitir suas ordens aos ministérios, resolver disputas e elaborar um plano de trabalho abrangente.
Na ausência de tal centro nervoso, o menor problema acaba na mesa do gabinete do coronavírus, que não tem o conhecimento nem a paciência nem os meios necessários para enfrentar uma crise nacional tão grande.
E é assim que os primeiros-ministros, atuais e antigos, desperdiçaram seu valioso tempo resolvendo pequenas disputas. Além disso, mesmo que o atual chefe de governo tomasse a decisão certa, não haveria ninguém abaixo dele que soubesse como transformá-la em ação.
A terceira e última causa raiz é o equilíbrio entre os direitos individuais e o bem comum. Normalmente, há algum equilíbrio entre a necessidade do indivíduo e a do Estado. Durante uma crise nacional, devemos (temporariamente) mover esse ponto de equilíbrio.
Portanto, o Estado já deveria ter imposto duras sanções àqueles que se recusam a se vacinar há um ano e proibido todas as viagens ao exterior. Na prática, o Estado incentiva as pessoas a não se vacinarem e já sabemos o preço que pagamos por isso.
Encontrar o equilíbrio adequado entre os direitos individuais e o bem comum está no centro do pensamento filosófico desde o século XVII. E isso, como nas outras causas listadas acima, diz respeito à filosofia e à política.
Quem pensa que um debate durante uma crise nacional crescente começa com a pergunta “e então o que fazemos”, não sabe como governar um país.
Por Leandro Fleischer | Ynet Español
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