Autoridade Palestina recua na transferência de dinheiro de ajuda para funcionários do Hamas, disse o enviado do Catar

Os bancos palestinos na Cisjordânia, por meio dos quais os fundos deveriam ser transferidos, temem enfrentar processos judiciais | Acordo para transferir dinheiro do Catar para famílias pobres de Gaza ainda válido

O enviado do Catar a Gaza Mohammad al-Ammadi disse na sexta-feira que a Autoridade Palestina voltou atrás em seu acordo com as Nações Unidas e Doha para transferir a ajuda do Catar a funcionários do Hamas por meio de bancos palestinos na Cisjordânia.

De acordo com o acordo, o dinheiro do Catar teria sido depositado em bancos da Autoridade Palestina na Cisjordânia e poderia ter sido sacado em Gaza. O acordo incluiu o pagamento de estipêndios a funcionários do governo na Faixa de Gaza, entre eles membros do Hamas.

A Autoridade Palestina expressou preocupação de que seus bancos sejam expostos a ações judiciais alegando apoio ao terrorismo, já que o Hamas é designado como organização terrorista por Israel e outros países ocidentais.

Os entendimentos alcançados sobre a transferência de dinheiro do Catar para famílias pobres em Gaza ainda são válidos e serão realizados por meio de um mecanismo da ONU na próxima semana.

Um caminhão-tanque hasteando bandeiras do Catar transportando combustível para a única usina de Gaza chega ao cruzamento de Rafah, em junho.
Um caminhão-tanque hasteando bandeiras do Catar transportando combustível para a única usina de Gaza chega ao cruzamento de Rafah, em junho. Crédito: Said Khatib | AFP

No início da semana, al-Ammadi anunciou que a ONU e a AP haviam chegado a um entendimento mediado pelo Catar sobre a transferência dos fundos que deveriam ser usados ​​para pagar os salários dos funcionários do Hamas. Essa questão foi um ponto de discórdia durante as negociações que antecederam o acordo.

Al-Ammadi disse que todas as partes retomarão as negociações nos próximos dias para resolver as divergências.

Parte do dinheiro do Catar deve ser entregue a dezenas de milhares de funcionários nomeados pelo Hamas para vários ministérios quando ele assumiu o controle de Gaza em 2007. A Autoridade Palestina não reconheceu a legitimidade dessas nomeações e porque não compensou salários, o Qatar lhes concedeu subsídios.

No mês passado, fontes palestinas relataram um esforço para criar um mecanismo para substituir os bancos palestinos na Cisjordânia, que expressaram preocupação com a possibilidade de ações judiciais. As fontes disseram que os bancos não poderiam suportar as despesas de tais processos.

Mas na sexta-feira, al-Ammadi disse que a AP havia se retirado do acordo “devido a temores de processos legais e acusações de que os bancos estavam ‘apoiando o terrorismo'”.

O esquema de financiamento do Catar ganhou o apoio de Israel, cujo ministro da Defesa, Benny Gantz, disse que garantiria que o dinheiro chegasse aos necessitados enquanto contornava o Hamas.

A Reuters contribuiu para este relatório.

Por Jack Khoury | Haaretz

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