Família Medici e os judeus de Florença

A história da família mais poderosa da Europa no século XV

Os Medici eram uma família italiana de banqueiros e dinastia política, que começou a ganhar proeminência com Cosimo de Medici durante a primeira metade do século XV. A família se originou na região Mugello da Toscana e prosperou até fundar o Banco Medici, que era o maior da Europa no século XV e possibilitou o crescimento do poder político em Florença.

Os Medici ajudaram 4 papas da Igreja Católica – Papa Leão X, de 1513 a1521; Papa Clemente VII, de 1523 a 1534; Papa Pio IV, de 1559 a 1565 e Papa Leão XI, 1605 e duas rainhas da França – Catherine de Medici (1547- 1589) e Maria de Medici (1600- 1630).

Em 1532 a família adquiriu o título hereditário de Duque de Florença, que em 1569 foi elevado a Granducado da Toscana depois de uma expansão territorial e reinaram até 1737, com a morte de Gian Gastone de Medici. Apesar do inicial crescimento econômico, a família faliu na época de Cosimo III de Medici (1670- 1723).

A riqueza e influência da família veio inicialmente da indústria têxtil. Os Medici, com outras famílias, influenciaram o Renascimento Italiano. O Banco Medici, que existiu de 1397 a 1494 era uma das instituições mais prósperas e respeitadas da Europa, e os Medici eram a família mais rica da Europa.

O poder político deles se expandiu pela Itália e Europa. Pode-se dizer que patrocinaram a invenção do piano e da ópera e foram patronos de vários artistas como Leonardo DaVinci. Eles também foram protagonistas da contra-reforma.

Medici e os judeus

A história dos Medici e dos judeus de Florença estão intimamente ligadas. Os Medici eram governantes, banqueiros e mecenas, mas também estenderam sua proteção aos judeus durante a fase mais feroz da Inquisição. Sob a proteção dessa poderosa família a comunidade judaica local pode se desenvolver por dois séculos com relativa tranquilidade, chegando a ocupar um lugar singular na história judaica europeia. No final do século XVI os judeus foram obrigados a viver em um gueto, mas continuaram a se desenvolver.

A importância da presença judaica em Florença ficou mais clara e sua ligação com os Medici foi revelada quando, em 1998, se iniciou um novo projeto histórico na cidade – o Projeto do Arquivo Medici.

Há registros da presença judaica em Florença na época do Império Romano e na Idade Média. Segundo dados históricos, em 1369 a Comuna de Florença permitia aos judeus participar de atividades ligadas ao setor de finanças. Nas primeiras décadas do século XV, judeus proeminentes atuavam como banqueiros e embaixadores da República. A implantação oficial de uma comunidade judaica no entanto, só ocorreu após o início da hegemonia dos Medici. As grandes diferenças entre os papas e a família Medici beneficiavam os judeus, uma vez que os governantes não cumpriam os decretos papais contra a comunidade.

Expulsões e retornos

Admitidos em Florença sob a proteção dos Medici, os judeus passaram a desfrutar de relativa tranquilidade e bem estar e Cosimo garantiu uma série de direitos e liberdades. Comparada com a violência e perseguição em outros lugares a vida dos judeus era tranquila em Florença, mas essa tranquilidade estava diretamente relacionada a permanência dos Medici no poder. Porém, com lutas internas pelo poder, os judeus foram expulsos e readmitidos várias vezes na cidade.

Com Lourenço de Medici, o Magnífico, que governou de 1469 até 1492 a comunidade floresceu e os judeus participaram da vida do Renascimento. Sob seu governo Florença se tornou o centro cultural e científico da Europa, com a ajuda da fortuna de muitos judeus. Muitos cristãos passam a estudar o hebraico e o Cabalá.

A proteção de Lourenço impediu a expulsão de judeus após a visita de Frei Bernardino da Feltre à cidade. O frade foi responsável pela expulsão de judeus de diversas cidades italianas, mas foi banido de Florença em 1488, após proferir discursos anti-judaicos. Com a morte de Lourenço, a situação tanto dos Medici como dos judeus sofre um grande revés.

Em 1494 o frade dominicano Girolamo Savonarola assume o poder e instala uma teocracia católica. Decreta a expulsão dos Medici e dos judeus. Quatro anos depois, Savonarola é deposto, enforcado e tem seu corpo queimado. Os Medici voltam ao poder e então os judeus voltam também à cidade.

Daniela Nardi Toni, colaboradora Legião Sionista

Fontes:

Wikipedia e Revista Morashá – edição 44, março de 2004

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