O dilema israelense: condenar a Rússia sem perturbar Putin

Espera-se que a entrada de forças russas em dois distritos separatistas na Ucrânia leve a uma condenação oficial do Estado de Israel. Reuniões no Ministério das Relações Exteriores, consultas com Washington e uma mudança precipitada da embaixada em Kiev; em meio a uma grande tensão de guerra internacional

Através de um dia de extensas reuniões em Jerusalém, o Ministério das Relações Exteriores de Israel avalia a reação oficial à decisão do exército russo de entrar em Donetsk e Lugansk, dois distritos separatistas da Ucrânia.

Os debates acontecem tanto nas dependências do Itamaraty quanto no Conselho de Segurança Nacional, e estima-se que o resultado seja um comunicado condenando a decisão russa.
A maioria dos analistas e envolvidos acredita que Israel não poderá deixar de condenar Moscou, em meio a um clima de condenação da comunidade internacional russa, que ameaça inclusive com sanções. O principal ponto de avaliação em Israel é a dureza da sentença, pois consideram que não deve incomodar muito o presidente russo, Vladimir Putin.

“É impossível ignorar o que os russos fizeram”, disse um alto funcionário israelense. Nesse sentido, de Jerusalém também realizaram consultas com Washington antes de estabelecer a posição oficial sobre o assunto.

O principal ponto de avaliação em Israel é a dureza da sentença, pois consideram que não deve incomodar muito o presidente russo, Vladimir Putin.

Ao mesmo tempo que avalia a sua posição, o Ministério dos Negócios Estrangeiros ordenou ainda a evacuação do pessoal que trabalha na embaixada israelita em Kiev e a respetiva transferência para Lviv, cidade do oeste da Ucrânia, distante da fronteira com a Rússia.

A mudança estava marcada para a manhã de terça-feira, mas o último discurso de Putin e a iminente escalada militar fizeram com que a operação fosse adiada para a noite de segunda-feira. Os diplomatas israelenses, liderados pelo embaixador Michael Brodsky, viajaram em um comboio de carros e chegaram ao destino após 8 horas de viagem.

Em Jerusalém, eles não querem prejudicar o relacionamento com Moscou. Naftali Bennett, primeiro-ministro de Israel; e Vladimir Putin, presidente da Rússia.
Em Jerusalém, eles não querem prejudicar o relacionamento com Moscou. Naftali Bennett, primeiro-ministro de Israel; e Vladimir Putin, presidente da Rússia.

Israel informou anteriormente as autoridades ucranianas sobre esta mudança da embaixada. Por sua vez, as autoridades russas foram notificadas da localização exata dos novos escritórios israelenses em Lviv.

Os ucranianos não esconderam sua decepção com a decisão israelense, apesar do fato de Israel ter evacuado seus representantes de Kiev muito depois de outros países: Estados Unidos, Grã-Bretanha, Austrália e Japão, entre outros. Em alguns casos, os diplomatas deixaram diretamente o país.

Por Itamar Eichner & Tom Wichter | Ynet Español

LEIA TAMBÉM:

Pregar o fim do Estado de Israel – como a extrema-esquerda faz – é antissemitismo?

Turismo: estes são os novos requisitos para entrar em Israel

Anistia Israel criticou relatório que acusa Israel “Estado de apartheid”