“Nosso destino aqui é viver juntos”, disse Mansour Abbas sobre “apartheid” em Israel

Líder do Partido Árabe Israelense Abbas descarta acusação de Estado de “apartheid”

O líder árabe israelense Mansour Abbas – chefe do partido islâmico Ra’am, que no ano passado se juntou à coalizão de governo do país – disse que não usaria a palavra “apartheid” para descrever as relações entre árabes e judeus em Israel.

Questionado em uma conversa online organizada pelo Washington Institute for Near East Policy sobre ouvir esse rótulo aplicado ao Estado judeu, Abbas disse: “Eu não chamaria isso de apartheid”.

“Estou na coalizão e, se quiser estar dentro do governo, posso estar no governo também”, enfatizou Abbas, segundo comentários traduzidos do hebraico.

“Eu costumo tentar não ser crítico. Não estou tentando dizer que você é racista ou que o Estado é racista, ou este é um Estado de apartheid ou não um estado de apartheid”, explicou. “Meu papel como líder político é tentar preencher as lacunas, melhorar as distorções e criar mais justiça não apenas entre judeus e árabes, mas também entre árabes e judeus.”

Os comentários de Abbas seguem um relatório da semana passada da ONG Anistia Internacional acusando Israel de praticar o “apartheid”. O relatório afirmava que “Israel impõe um sistema de opressão e dominação contra os palestinos em todas as áreas sob seu controle: em Israel e nos OPT (‘Territórios Palestinos Ocupados’), e contra os refugiados palestinos, a fim de beneficiar os judeus israelenses”.

Os líderes israelenses rejeitaram categoricamente essas acusações, que o ministro das Relações Exteriores de Israel, Yair Lapid, chamou de “ divorciadas da realidade”.

Ao mesmo tempo, Abbas disse no evento virtual de quinta-feira que não estava desconsiderando as conclusões da Anistia ou de outras organizações de direitos humanos.

“Esta é uma oportunidade para olharmos o que está acontecendo, sermos introspectivos, ver o que podemos consertar e o que podemos mudar”, propôs.

Dentista de profissão e defensor da comunidade árabe de Israel, Abbas fez história no ano passado quando liderou Ra’am para se tornar o primeiro partido árabe a se juntar à coalizão governamental de Israel.

“Tudo o que estou tentando fazer é histórico”, afirmou Abbas. “Meu papel é tentar mostrar a judeus e árabes uma nova maneira de viver juntos e em que cada lado se perceba como coletivo e como indivíduo dentro desse quadro que é chamado de Estado de Israel. Não estou tentando agradar um grupo ou outro. Procuro mostrar a árabes e judeus como viver juntos no contexto de Israel.”

Abbas se descreveu como árabe, palestino, muçulmano e cidadão do Estado de Israel – acrescentando que, quando foi eleito para o Knesset, estava procurando uma parceria e fazer mudanças internas.

“Essas identidades, nacionais e religiosas, podem viver juntas, podem se conectar, com base na aceitação do outro”, disse Abbas. “Não estou tentando descobrir quem é o culpado. Estou tentando descobrir quem pode ser um parceiro, para trabalharmos juntos, pois todos concordamos que, em muitos campos, podemos ter divergências.”

Em novembro, o membro do Knesset foi criticado pela Autoridade Palestina e pelo grupo terrorista Hamas por dizer em uma conferência de negócios em Tel Aviv que o “Estado de Israel nasceu [sic] um Estado judeu e é assim que permanecerá”.

“Tentei dizer à sociedade árabe e judaica que a verdadeira discussão não é sobre a identidade do Estado – isso existe, isso foi realizado. Isso é um fato”, afirmou Abbas. “Mas a discussão real deve ser dentro do Estado de Israel; a definição dele, na minha opinião, não vai mudar. Mas qual é o lugar da minoria árabe dentro do Estado de Israel e dentro da identidade cívica israelense? Essa é a questão que decidirá como será Israel”.

Abbas afirmou estar “orgulhoso” por poder criar essa parceria com o governo.

“Nós trouxemos muitos orçamentos para a sociedade árabe para a educação, para integrar os trabalhadores de alta tecnologia e para os agricultores”, disse ele. “Estou muito orgulhoso por termos sido capazes de dar às pessoas a esperança de que judeus e árabes podem confiar uns nos outros.”

Abbas observou que, em algumas pesquisas de opinião pública, 60% dos árabes entrevistados apoiam sua agenda partidária e que ele vem conquistando eleitores de outros partidos árabes, como a Lista Conjunta. O líder Ra’am está confiante de que se o partido puder demonstrar conquistas, ganhará mais de 85% do apoio do público árabe em Israel.

“Nosso destino aqui é viver juntos e podemos decidir como queremos viver juntos: com brigas, conflitos, ódios, ou com aqueles que já ofereceram paz, segurança e tolerância”, disse. “Acho que todos nós, dentro de nós mesmos, sabemos qual é a resposta.”

Por Sharon Wrobel | The Algemeiner

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