As ultimas semanas no Brasil foram intensas, com diversas manifestações que envolveram símbolos e historia judaica.
Partidários do presidente Bolsonaro usaram bandeiras de Israel em manifestações diversas e junto com a bandeira americana, demonstravam seu apoio e amor pelo único país judaico do mundo.
Porém, houve muita indignação por parte da comunidade judaica que não gostou de ver a bandeira associada a temas como pedido de intervenção militar e retorno da ditadura, por exemplo, por parte de alguns manifestantes e obviamente não eram todos que pediam isso, mas a bandeira estava lá e a associação era inevitável. Também não caiu bem o uso indiscriminado da bandeira em qualquer ato publico, inclusive em demandas que sequer possuem correlação em Israel, trazendo um entendimento confuso para quem não conhece e isso poderia aumentar a ojeriza contra.
Por outro lado, pela primeira vez em muitos anos, temos um governo alinhado com Israel e que já mudou o padrão de votação na ONU, situação de extrema importância para a política internacional e regional. O uso da bandeira de Israel pelos partidários e admiradores do Governo Federal atual é justificada pelo amor que possuem a Terra Santa e seu apoio incondicional, mas sobretudo porque Israel e Estados Unidos são o contraponto do que antes era enaltecido pelos governos de esquerda.
Não podemos esquecer também uma grande quantidade de judeus que vibraram em ver a bandeira de Israel tremulando em Brasília, após muitos anos de bandeira palestina ou de outros países que sempre se colocaram contra Israel, então para eles é melhor que empunhem a de Israel.
Isso é o básico do entendimento sobre como é o pensamento da comunidade judaica, pois onde tem 2 judeus sempre tem 3 opiniões, e de fato num tema tão polêmico como esse, também podemos presenciar uma diversidade de ideias com judeus apoiando ou rechaçando essa situação.
Tanto os que defendem como os que questionam o uso da bandeira de Israel não podem ser considerados os “porta-vozes” de uma comunidade tão pluralista e heterogênea como a judaica, então não é correto nem justo quando pessoas de fora da comunidade acabam afirmando posições generalizadas, pendendo para seu lado de torcida organizada que virou esse tema no Brasil, defendendo seu político enquanto ataca seu opositor, usando este tema.
Quem pode definir quem pode utilizar as bandeiras de cada país em manifestações partidárias? A bandeira do Brasil pode ser usada em manifestações partidárias ao Hamas ou Hizbolah por exemplo? Lá o Brasil é muito querido e respeitado e não seria novidade que empunhassem bandeiras brasileiras em suas comemorações. O brasileiro ficaria confortável com essa atitude? Poderíamos dizer que todos os brasileiros apoiam o Hamas ou Hizbolah por causa disso? Claro que não! E por isso que precisamos nos atentar para não generalizar a comunidade judaica, nem atacar quem defende ou quem critica.
É evidente que tanto a maioria da comunidade judaica no Brasil como a população de Israel preferem assistir a bandeira de Israel tremulando com alegria por admiradores orgulhosos por essa amizade entre Israel e Brasil em vez de vê-la queimando em manifestações antissemitas. Porém, há que se cuidar também para que o uso indiscriminado da bandeira israelense não seja resultado de uma manipulação egoísta para se justificar qualquer ato partidário, de quem quer que seja contra quem for.
Juventude Judaica Organizada